sábado, 9 de abril de 2011

Barroco


O Barroco foi um importante movimento artístico e cultural que vigorou na Europa e América Latina ,sobretudo durante o século XVII(1601-1700).Os historiadores usavam o termo Barroco para falar da arte que prevalecia nesta época,considerada bizarra ou estranha demais para merecer um estudo serio.Complexo e controvertido,o Barroco marcou profundamente a arquitetura ,a escultura á pintura ,a música e a literatura . Originou-se no século XVII,mais precisamente na Itália, e estendeu-se até o século XVIII.
O barroco se opõe à arte que surgiu antes,chamada renascentista.
Para compreender a arte renascentista, as pessoas usavam mais o raciocínio do que a emoção. Voltada para o intelecto,essa arte era produzida para a minoria, a elite aristocrática.
A arte barroca, ao contrario, apelava para a imaginação, para os sentidos e emoções. Por esse motivo, esse estilo de arte estava mais próximo do povo.
A religião determinou muitos aspectos da arte barroca. Como a igreja católica romana queria combater a propagação do protestantismo,incentivou a arte dramática, realista e emocional, para seduzir os fiéis a continuar no catolicismo.
A situação política também influenciou o mundo da arte. Os reis da Espanha e da França apoiaram a criação de obras de artes grandiosas para mostrar a magnificência de seus reinos.
Para compreendermos melhor o porquê das características do Barroco é necessário uma rápida olhada no panorama social da época.

Panorama mundial
Panorama brasileiro
Características
Principais autores e obras
  • Portugal sob o domínio espanhol.
  • Atuação da Companhia de Jesus .
  • Catolicismo X protestantes
  • Absolutismo.
  • Aumento da influência da burguesia na Europa.
  • Desenvolvimento do capitalismo mercantilista

  • Ciclo da cana-de-açúcar
  • Invasões holandesas
  • Revolta dos irmãos Beckman (1684)
  • Guerra dos Mascates (PE/1710
  • Tentativa de unir valores opostos
_Renascimento X
Contra-Reforma
_Mitologia X catolicismo
_Teocentrismo X
Antropocentrismo
  • Antíteses, metáforas, hipérboles,
  • Homem angustiado
  • Rebuscamento, exagero, extravagância,
  • Cultismo(Gangorismo)e  Conceptismo.
  • Bento Teixeira
_Prosopopéia
  • Gregório de Matos Guerra
_Poesia sacra
_Poesia lírica
_Poesia graciosa
_Poesia satírica
_Ultimas
  • Padre Antonio Vieira






























Com o choque do mercantilismo e a retomada dos valores medievais ,tal como queria o espírito contra-reformista,gerou um estilo marcado pela tensão ,pelo exagero e pelo pessimismo .Foi nessa tendência que a arte barroca ganhou espaço e passou a inaugurar um novo período na arte européia, que já havia experimentado dos valores estabelecidos pela renascença. Entre outras mudanças, percebemos o surgimento de pinturas e esculturas marcadas por formas retorcidas e tensas. A preocupação em reforçar o racionalismo e equilibrá-lo com as emoções perde campo para uma arte mais emotiva e cotidiana.  A valorização das cores e a contraposição de luzes e sombras contribuíam na demonstração dos gestos e estados de espírito do homem.

O Barroco no Brasil:


Detalhe do caminho para o calvário,
Aleijadinho
As manifestações culturais refletem uma estrutura social e econômica de pais colônia.Devido a cultura açucareira,somente em algumas cidades  onde se encontravam o desenvolvimento de produção havia alguma atividade cultural.Vive-se aqui o que os críticos chamam de “ecos” do barroco europeu.Assim Ricamente representado nas igrejas da Bahia, Rio de Janeiro, Pernambuco e, sobretudo, de Minas, o Barroco brasileiro impôs seu próprio ritmo de difusão, alterando e misturando na arquitetura os estilos maneiristas, barroco e rococó. A produção mais importante é a da escola mineira, cujo florescimento é favorecido pelo ciclo do ouro. Mais original do que a produção litorânea, diretamente vinculada aos modelos europeus o barroco mineiro inovou na estrutura e na forma. Sem romper com a temática religiosa, a escultura de Aleijadinho expressa uma forte alusão popular e emprega materiais brasileiros, como a pedra-sabão.  

Mestres de obra, artífices e artesãos negros, índios e mulatos enriquecem de mitologias naturalistas e símbolos pagãos os meios expressivos importados da Europa.
Manifestando-se menos nas fachadas e muito mais nos interiores cobertos de ouro, o Barroco brasileiro corresponde às primeiras afirmações da nacionalidade e, pelo menos durante algum tempo, exprime tanto os interesses das camadas dominantes quanto a criatividade popular.
A arte  Barroca no Brasil se destaca de diversas formas ,nas quais iremos citar posteriormente:

  • Literatura;
  • Poesia;                                          
  • Prosa;
  • Teatro;
  • Música;
  • Arquitetura;
  • Escultura;
  • Pintura;
  • Festas e Celebrações Religiosas.   
    
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sexta-feira, 8 de abril de 2011

Literatura



Em sua estética, o barroco revela a busca da novidade e da surpresa; É o antropocentrismo (homem) opondo-se ao Teocentrismo (Deus).O homem deste período está entre o céu e a Terra. Mesmo se valorizando, ele vivia atormentado pela idéia do pecado,então vivia buscando a salvação.A literatura barroca se caracteriza pelo uso da linguagem dramática expressa no exagero de figuras de linguagem, de hiperbóles, metáforas ,anacolutos , antítese e paradoxo. Ex:
Antítese:
Sermão Sexagenista de Pe.Antônio Vieira
(....)Se de uma parte está Branco a outra há de estar Negro, se de uma parte está Dia, da outra há de estar Noite,se de uma parte dizem Luz,da outra hão de dizer Sombra (...)
Paradoxo:
Poesia Gregório de Matos
Andor em firme coração nascido;
Pranto por belos olhos derremados;
Incêndio em mares de água desfarçado;
Rio de neve em fogo convertido(...)
A literatura barroca se realiza,basicamente por duas correntes:O Cultismo e o Conceptismo .
O cultimo caracteriza pela exploração dos aspectos plásticos e sensoriais do ser ou fenômeno, tais como sua forma , som,cores contornos,volume, movimento, odores,matéria, textura, etc.O cultismo alimenta a fantasia na busca de novas imagens e sensações.Por isso seu uso mais intenso ocorre na poesia. Um exemplo de estilo Barroco cultista pode ser observado neste soneto de Gregório de Matos
Pintura admirável de uma beleza
Vês esse Sol de luzes coroado?
Em pérolas a Aurora convertida?
Vês a Lua de estrelas guarnecida?
Vês o Céu de Planetas adorado?
O Céu deixemos; vês naquele prado
A Rosa com razão desvanecida?
A Açucena por alva presumida?
O Cravo por galã lisonjeado?
O conceptismo, pelo contrário é um processo que busca
conhecer as em coisas na sua essência intima trabalhando com as idéias. Explora os significados das palavras usa e abusa da inteligência, e do raciocínio.Por isso ocorre na prosa.Nosso principal escritor barroco conceptista foi Pe.Antônio Vieira.Um exemplo claro de conceptismo pode ser observada,por exemplo neste trecho retirado de um dos seus Semões. 
“Que Demócrito não se risse, eu o provo; Demócrito ria sempre. Logo, nunca ria. A conseqüência parece difícil e é evidente. O riso, como diz os filósofos, nasce da novidade ou da admiração, cessa também o riso; e como Demócrito se ria dos ordinários desconcertos do mundo, e o que é ordinário se vê sempre não podendo causar nem  admiração nem novidade, segue-se que nunca ria, rindo sempre, pois não havia matéria que motivasse o riso.”
Obs.: É importante, porém, observar que o cultismo e o
conceptismo podem ambos, ocorrerem tanto na poesia quanto na prosa e os dois podem ocorrer conjuntamente num mesmo texto.
 As principais características da literatura barroca são:
1-Culto dos contrastes.(presença da antítese).
[claro/escuro vida/morte
tristeza/alegria]                            2-Pessimismo 
3-Intensidade;(presença da hipérbole)                                                                                            4-Linguagem muito rebuscada
Outra grande característica da Literatura Barroca é a utilização do termo Carpe diem que se resume na consciência que o homem têm de que a vida é passageira e que por isso deve pensar na salvação espiritual. Todavia ao mesmo tempo sente o desejo de gozá-la antes que acabe,o que resulta num sentimento contraditório,já que gozar a vida implica pecar,e, se há pecado não há salvação.

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Prosa

      Na prosa brasileira destaca-se a figura do Padre Antônio Vieira, modelo da prosa clássica portuguesa, que tinha intenções assumidas de intervir na vida pública, desejo esse que marca as suas cartas e sermões. 
Seu interesse maior era a catequese dos índios. Para isso aprendeu suas línguas e percorreu por 5 anos as aldeias indígenas na Bahia,pregando para os nativos.Tal interesse o fez defender os índios do cativeiro, provocando a raiva dos colonos que queriam escravizá-los no trabalho da lavoura e das minas.Os seus textos oratórios revelavam uma  grande  argumentação e a procura de efeitos de surpresa, entusiasmo e espanto sobre o auditório, quer se tratasse de
questões morais ou políticas e sociais. Sua genialidade no manuseio das palavras transformou-o no maior prosador e orador de língua portuguesa do século XVII.
Suas principais obras são :
Sermão pelo bom sucesso das armas de Portugal contra as de Holanda:No qual o orador discute com o próprio Deus, acusando-o de não estar ajudando  os portugueses na luta contra o invasor portugûes na luta contra o invasor holandês  
Sermão de Santo Antônio:Em que dirigindo-se aos peixes,alegoriza a questão da escravização dos índios, a qual era contrário.
Sermão do Mandato:No qual desenvolve o tema amor místico e divino.

Poeia

Uma das principais referências do barroco brasileiro é Gregório de Matos Guerra,
poeta baiano que cultivou com a mesma beleza tanto o estilo cultista quanto o conceptista .Formado em Direito pela universidade de Coimbra,passou parte de sua vida em Portugal e parte no Brasil,vivendo na Bahia.Embora casado pela segunda vez,era boêmio e mulherengo.Criticou tudo e a todos : a incapacidade administrativa dos portugueses e brasileiros bajuladores ; o clero ; a corrupção e o relaxamento de costumes.Irreverente,suas sátiras lhe valeram um exílio temporário em Angola, na África.Voltando,vai morar no Recife,onde morre pouco depois.
Sua obra poética costuma ser dividida em três tipos principais:satírica, lírica, e sacra. Ao que se sabe, Gregório de Matos nunca publicou um livro de seus poemas.As edições atuais baseiam-se em coletâneas feitas,á época,por seus amigos e admiradores.

·         Poesia Satírica:que lhe valeu o expressivo apelido de Boca de inferno. Dono de um ferino senso critico e capacidade de improvisação, a todos ele atinge com seus versos irreverentes e mordazes.Alem de criticar em seus versos fatos injustos ocorridos na Bahia e de  não poupar em sua linguagem crítica a todas as classes da sociedade :administração publica, a justiça, a igreja,o comercio a negros, brancos,mulatos... e amava as mulatas.A poesia sátira faz parte das poesias mais originais de Gregório de Matos(pois fugia dos padrões estabelecidos pelo Barroco Europeu e empregava uma língua portuguesa diversificada cheia de brasileirismo).Por isso pode ser chamada de poesia realista e brasileira.
Neste soneto por exemplo ele “descreve o que era realmente naquele tempo a cidade da Bahia .“

A cada canto um grande conselheiro,
Que nos quer governar cabana e vinha;
Não sabem governar sua cozinha,

E podem governar o mundo inteiro.

Em cada porta um bem freqüente olheiro,
Que a vida do vizinho e da vizinha
Pesquisa, escuta, espreita e esquadrinha,
Para o levar à praça e ao terreiro.

Muitos mulatos desavergonhados,
Trazidos sob os pés os homens nobres,
Posta nas palmas toda a picardia,

Estupendas usuras nos mercados,
Todos os que não furtam muito pobres:
E eis aqui a cidade da Bahia

·         A poesia lírica:Gregório de Matos cultivou três vertentes da poesia lírica:a religiosa, a amorosa e a filosófica.
A lírica amorosa é fortemente marcada pelo dualismo amoroso carne/espírito.A mulher,muitas vezes,é a personificação do próprio pecado, da perdição espiritual.Nesses poemas transparece,muitas vezes,o idealismo renascentista.O mundo dos sentimentos e das emoções  é exposto por meio de uma linguagem trabalhada com metáforas, antíteses,hipérboles, trocadilhos.Eis um soneto típico de seu lirismo:
                                                            
Minha rica mulatinha,
desvelo e cuidado meu,
eu já fora todo teu,
e tu foras toda minha;

Juro-te, minha vidinha,
se acaso minha qués ser,
que todo me hei de acender
em ser teu amante fino pois
por ti já perco o tino,
e ando para morrer.
A lírica filosófica: Destacam-se textos que se referem ao desconcerto do mundo e as frustrações humanas diante da realidade. E também poemas em que predomina a consciência da transitoriedade da vida e do tempo. Observe esse exemplo onde o autor moraliza o Poeta nos Ocidentes do Sol a Inconstância dos Bens do Mundo
Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.
Porém se acaba o Sol, por que nascia?
Se formosa a Luz é, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?
Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza,
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.
Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância.




·         A lírica religiosa:Obedece aos princípios fundamentais do Barroco Europeu,fazendo uso de temas como amor a Deus,além da freqüente duvida entre o pecado e a virtude. O eu-lírico, muitas vezes, se comporta como advogado que faz a própria defesa diante de Deus (para tal, usava, até mesmo, trechos da Bíblia).Observe esse exemplo de arrependimento e reconhecimento do autor ao se dirigir a Deus.

Pequei Senhor: mas não porque hei pecado,
Da vossa Alta Piedade me despido:
Antes, quanto mais tenho delinqüido,
Vos tenho a perdoar mais empenhado.

Se basta a vos irar tanto pecado,
A abrandar-vos sobeja um só gemido:
Que a mesma culpa, que vos há ofendido,
Vos tem para o perdão lisonjeado.
Se uma ovelha perdida, já cobrada,
Glória tal, e prazer tão repentino
Vos deu, como afirmais na Sacra História,
Eu sou, Senhor, ovelha desgarrada;
Cobrai-a; e não queirais, Pastor Divino,
Perder na vossa ovelha a vossa glória

·        Poesia sacra :Na qual também revela seu grande talento.Nela predomina a influencia do cristianismo medieval:o homem tem consciência de sua condição de pecador e, e diante de Deus,confessa sua fragilidade e  implora o perdão e a salvação. É famoso dentro dessa temática,o soneto:

Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado,
de vossa alta clemência me despido;
porque quanto mais tenho delinqüido,
vos tenho a perdoar mais empenhado.
Se basta a vos irar tanto um pecado,
a abrandar-vos sobeja um só gemido:
que a mesma culpa, que vos há ofendido,
vos tem para o perdão lisonjeado.
Se uma orelha perdida e já cobrada,
glória tal e prazer tão repentino
vos deu, como afirmais na sacra história,
eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada,
cobrai-a; e não queirais, pastor divino,
perder na vossa ovelha a vossa glória.
                                                                Gregório de Mattos

 

teatro



Moliére

 O teatro barroco teve sua época de esplendor na chamada era elisabetana na Inglaterra, e no período neoclássico francês. No terreno narrativo, os novelistas preocupavam-se em revelar a sociedade de forma mais realista e sempre crítica. Quando falamos em Barroco em teatro, podemos associar o termo Classicismo. Ao contrário das Artes Visuais, o Teatro Barroco não é um estilo inicialmente voltado ao cristianismo, como algumas pinturas por exemplo. (Esse período do teatro é uma época em que as tragédias gregas são muitos valorizados), por várias vezes são feitas releituras literalmente.
O teatro barroco reage contra o materialismo renascentista e a Reforma protestante. Reflete o espírito da época: atormentado, tenso e pessimista. A linguagem, sóbria em princípio, torna-se muito rebuscada.Na França se destacam as peças de Pierre Corneille (1606-1684) e Jean Racine e principalmente as  comédias de Molière que mostram tipos que simbolizam as qualidades e os defeitos humanos
Pe.José de Anchieta


O teatro no Brasil destaca-se principalmente a figura do padre José de Anchieta escritor de criativas peças teatrais encenadas pelos índios a fim de que compreendessem o catolicismo .Do teatro mineiro preserva-se algumas peças de Claudio Manuel da Costa como  “O Parnaso Obsequioso”.





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